Única

Publisert 30. mars 2024 20:50

Os perigos ou os avanços da inteligência artificial, ilustrados pelo ChatGPT e colegas, têm provocado um vendaval mediático que de certa forma me pôs K.O. Afinal de contas, dediquei a minha vida profissional ao processamento da linguagem natural, e agora os modelos de língua gigantescos (MLG) chegaram, e com eles... o quê?

Publisert 24. sep. 2023 21:09

Crianças bilingues (ou vindas de outra cultura) são geralmente acusadas, ou suspeitas, de ter menos vocabulário, e essa é uma das razões para a insistência de as colocar nas creches. Aqui escrevo a minha experiência com duas crianças bilingues luso-norueguesas...

Publisert 7. feb. 2023 12:17

Num grupo com o Mário, a Marta e o Miguel, começámos a discutir o que é a liberdade para nós, para tomarmos parte nas comemorações do 25 de Abril. E, como muitas outras coisas boas que temos e não apreciamos quando as temos, como a saúde, por exemplo, também não é algo que eu tenha presente. Só quando me tentam coartá-la. Mas o que é a liberdade para mim? Ou, mais especificamente, em que lugares me sinto livre, e com que pessoas?

Publisert 5. aug. 2021 13:54

Para mim, o Otelo personifica o 25 de Abril. A revolução. Não só o golpe militar de que foi estratega -- mas todo o processo revolucionário. De todos os militares de Abril, por muito valorosos e importantes que fossem, Otelo é de longe o mais carismático, o que leva as massas atrás de si -- a personificação absoluta da revolução portuguesa, única que foi.

Publisert 8. mars 2021 21:13

De há quarenta anos para cá, parece-me que os ideais de esquerda -- o que significava ser de esquerda -- mudaram tão radicalmente, que podem quase chegar a propor o seu contrário. Aqui estão algumas reflexões de uma pessoa que era da esquerda antiga, e a quem portanto custa aceitar, ou pelo menos se surpreende, com alguns dos casos da esquerda moderna.

Publisert 29. juni 2020 22:35

Tenho assistido com atenção, interesse e desgosto à série da Netflix Anne with and e. Atenção, porque me lembro muito bem da história original (Anne e a sua aldeia), que li na minha infância, na minha adolescência e na infância e adolescência das minhas filhas. E porque vi dois filmes sobre o livro feitos anteriormente. Interesse, porque os atores são ótimos e a decoração e a fotografia são excelentes. Mas desgosto -- e muito -- porque a Anne, por muito bem vestida ao século XIX, é uma rapariga do século XXI, politicamente correta em excesso.

Publisert 15. nov. 2019 17:14

Não, este texto não é sobre pedagogia, é sobre o que já se chamou em português "aprendizagem automática" e no Brasil "aprendizado de máquina" mas que agora é cada vez mais referido por... "machine learning", que até está a destronar o termo inteligência artificial, com a maioria das pessoas a considerarem-nos equivalentes.

Publisert 31. aug. 2019 16:52

É bem sabido que por vezes a vida dos escritores é material para outros escritos de ficcionalização do escritor. E que não é possível destrinçar, mesmo na narrativa biográfica, nem sequer autobiográfica, entre a "realidade" e a ficção.

Mas nunca pensei que até eu iria cair na tentação de produzir um pequeno texto sobre uma personagem inspirada pela vida de Luís Ruffato, e já por várias vezes por ele descrita, a bibliotecária de uma escola secundária por que passou, o Colégio Cataguases: Veja-se por exemplo A Igreja do Livro Transformador, Depoimento de Luiz Ruffato a Eliane Brum, no blogue ardotempo.

Publisert 25. aug. 2019 15:31

É triste ver que um conjunto substancial de brasileiros acha que é mais importante um protesto circunstancial do que uma posição estratégica em relação à língua, que teria consequências muito mais relevantes e positivas para o Brasil na Noruega.

Publisert 17. okt. 2018 15:48

Todos os que estudaram história sabem que, na Alemanha pré-nazi, foi o excesso de violência que levou os nazistas ao poder: Por um lado desencadearam a maior parta da violência, e depois criaram a ideia de que só eles a conseguiriam travar.

A história está a repetir-se no Brasil. Cada vez há mais violência, mais agitação, menos segurança, e quem está a ganhar com isso são exatamente aqueles que têm exercido a violência, e pleiteado em nome da violência, abertamente.

Publisert 12. juni 2018 09:49

Estive recentemente em Portugal, e adorei, pelas várias coisas que lá fiz e as pessoas que conheci ou com quem estive. Mas, como "dos felizes não reza a história", o que venho comentar aqui foi a (única) coisa que me entristeceu, e essa sim profundamente: a falta de respeito, e de consciência, que os portugueses têm em relação à sua própria língua. A ponto de, na minha opinião, estarem rapidamente a tornar-se "deficientes linguísticos."

Publisert 18. mars 2018 19:38

Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi assassinada no dia 14 de março na cidade do Rio de Janeiro com vários tiros disparados de outro carro, que também vitimaram o seu motorista. Marielle, política empenhada, vinha de uma sessão de debate com mulheres jovens negras. O que fez ela para ser barbaramente assassinada aos 38 anos? Muito!

Publisert 1. okt. 2017 19:19

Às vezes, sinto-me cansada do entusiasmo que constato que os brasileiros têm em sublinhar que o português brasileiro é outra coisa. Sim, é a mesma língua, mas... há formas de expressão que só existem no Brasil, e outras que só existem em Portugal. E embora isso seja inegável, dão na minha opinião demasiada importância a esse facto.

Mas no mês passado tive a confirmação de que estabelecer a fronteira não é tão fácil como algumas pessoas pensam...

Publisert 14. juni 2017 12:18

Tenho estado a ler uma obra muito interessante de uma imigrante na Noruega como eu, chamada Gritos silenciosos (Tause skriker), com o subtítulo A necessidade de reconhecimento das mulheres das minorias (Minoritetskvinners behov for annerkjennelse), e isso fez-me pensar que, tanto quanto as mulheres do Terceiro Mundo (sobre as quais o livro versa) se sentem desintegradas e "desidentitadas", ou seja, não lhes é reconhecido o "direito" social de serem diferentes, assim as mulheres do segundo mundo -- que, acreditem!, são todas as do Sul da Europa e do Brasil/América Latina... portanto e para todos os efeitos, todas as lusófonas -- são "despromovidas" pelo estereótipo de falar muito e alto, mas não ter a cabeça fria.

Publisert 25. apr. 2017 13:47

Este "artigo" pode ser difícil de classificar, dentro dum blogue que é sobre questões de identidade, questões de cultura, literatura ou língua lusófona, ou sobre história e ciência... Bem, sendo um blogue, claro que posso em teoria escrever sobre o que quer que seja, mas sendo um blogue temático que deveria refletir os meus interesses e competências, seria estranho pôr-me a discutir saúde, educação de crianças, ou penteados...

Mas decidi que prioridades -- embora em geral não tenham nada a ver com a lusofonia -- têm a ver, ou têm, melhor dizendo, consequências que podem até vir a ser dramáticas para, por exemplo, a atividade docente numa universidade.

Publisert 17. feb. 2017 11:56

É triste que apenas se fale de uma pessoa quando ela nos deixa, e esta questão é duplamente atual porque a minha última entrada neste blogue se referia sobretudo ao negativo do meu doutoramento há vinte anos, quando uma das melhores coisas que esse doutoramento me trouxe foi ter podido privar com dois homens excecionais, os meus orientadores. Hoje, e com muita pena de não o ter feito (suficientemente) em vida, vou falar do Amílcar Sernadas, de como o conheci e o que aprendi com ele.

Publisert 18. jan. 2017 00:07

Nem sempre é fácil comemorar estas "efemérides", neste caso, vinte anos passados de ter obtido o grau de doutora. Um doutoramento que deu muito trabalho (como todos, calculo...), mas que talvez não tenha dado grande rendimento... se é que estes trabalhos se podem medir com metáforas económicas.  

Publisert 25. apr. 2016 15:54

Após apreciar a interessante tese da Margarida McMurray, defendida em Oslo há dez dias, e a sua discussão de vários contos de Borges, tema proposto pelo júri, decidi discutir algumas ramificações das emoções na língua e da língua das emoções aqui, estreando o novo enquadramento para blogues da UiO.

Publisert 30. juli 2015 18:30

Este ano em Portugal vejo muitos livros de História, e muitos romances históricos, histórias que se passam na História, geralmente de Portugal. Visto que (ainda?) não os li, apenas posso constatar, com surpresa e talvez com preocupação, que os portugueses de repente parecem muito centrados no passado.

Publisert 29. juli 2015 13:29

Lembro-me de o meu antigo professor do Britânico, George Lind Guimarães, dizer numa aula que o estatuto dos médicos na Inglaterra era muito baixo, ao contrário de Portugal, como o provava o enorme número de escritores médicos portugueses. E o mesmo se podia dizer em relação a engenheiros.