Os dois que responderam disseram que tinham muito material e não podiam publicar tudo. Tudo bem, eu não sou jornalista e esta é a primeira crónica que tento publicar num jornal (ainda por cima noutra língua, visto que foi traduzida para norueguês).
Mas fiquei com a pulga atrás da orelha, porque também pode ser que a causa da recusa não tenha a ver com as minhas capacidades literárias -- que não me parece ficarem muito aquém das dos que escreveram sobre o Brasil -- mas sim com duas "qualidades" norueguesas que não me agradam: 1) a de que só noruegueses é que sabem; 2) a de que já há especialistas sobre o assunto (digamos América Latina) e que sao sempre esses que têm o direito a pronunciar-se.
Donde passamos para a questão do que realmente significa "llberdade de expressão" versus "oportunidade de expressão". OK, eu tenho liberdade de escrever na internete, no meu blogue. E isso é certamente bom. Mas oportunidade de escrever num fórum em que várias pessoas que não me conhecem podem ler, isso é outra coisa.
Aconteceu uma coisa semelhante há alguns meses na Universidade de Oslo, numa reunião organizada pelos sindicatos sobre "liberdade de expressão", em que o reitor e alguns seus apaniguados tiveram praticamente todo o direito de antena, e as coisas que se disseram nessa reunião não passaram para os órgãos de imprensa. E portanto, mais uma vez: liberdade de se dizer o que se quiser entre quatro paredes, mas falta total de oportunidade de atingir outros.
Eu vou "publicar" / tornar públicas a crónica e a sua tradução, só porque sou teimosa, e porque pode ser que tenha algum interesse para os estudos de tradução entre o norueguês e o português, mas o mais importante, mesmo, é chamar a atenção para a grande distância que vai entre a existência de um direito e a real oportunidade de o exprimir sem ser através de uma imprensa e/ou de uma oligarquia de especialistas que controlam os canais para o grande público, e que consideram que certas coisas se podem dizer mas outras não.
Aqui estão: em português e em norueguês